
O brasileiro até tenta se planejar, mas ainda tem dificuldade em equilibrar o orçamento.
A primeira edição da pesquisa “O Planejamento Financeiro do Brasileiro: da Consciência à Prática”, encomendada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro) ao Datafolha, revelou um dado alarmante: 39% dos brasileiros gastaram mais do que receberam em 2024.
O estudo, que ouviu 2 mil pessoas em todas as regiões do país, mostra que a consciência financeira até existe, mas a prática ainda não acompanha o discurso.
Afinal, 64% afirmam planejar as finanças com frequência, mas quase metade ainda fecha o mês no vermelho.
A contradição do “planejamento sem prática”
Os números mostram uma realidade paradoxal:
- 64% dizem planejar as finanças,
- mas 39% gastam mais do que ganham,
- e 46% se declaram insatisfeitos com a própria situação financeira.
Ou seja: o problema não é falta de informação — é planejamento mal feito ou a dificuldade de transformar o planejamento em hábito real.
Mesmo entre os que se consideram “planejados”, 22% terminaram o ano endividados. Já entre os que não se consideram planejados, esse número sobe para 54%.
Isso mostra que o planejamento financeiro não é apenas anotar gastos, mas sim executar com consistência o que se planeja.
Falta de reserva: o retrato da vulnerabilidade financeira
O levantamento também revela que 43% dos brasileiros não têm nenhuma reserva para emergências, o que reforça a vulnerabilidade diante de qualquer imprevisto — uma conta médica, um conserto de carro ou até um atraso de salário.
Entre os que não possuem reserva, 62% são mulheres e 78% pertencem à classe C.
A falta de margem de segurança financeira é um dos principais fatores que levam ao endividamento recorrente.
E, no Brasil, o custo do descontrole é alto: basta um imprevisto para o orçamento desandar — e a consequência vem na forma de juros, atrasos e ansiedade financeira.
A busca (ainda tímida) por ajuda profissional
Outro dado curioso da pesquisa: 57% dos brasileiros cuidam das finanças sozinhos.
Apenas 42% buscam apoio especializado, e normalmente só quando enfrentam problemas financeiros.
Os motivos são claros:
- 40% buscam mais conhecimento,
- 42% procuram ajuda por estarem endividados,
- e 23% nunca pensaram no assunto.
Entre os que mais procuram apoio estão jovens de 18 a 24 anos (58%) e pessoas das classes A e B.
Segundo especialistas, esse movimento mostra que há uma oportunidade enorme de educação financeira no país — e que buscar orientação não é sinal de fraqueza, mas de maturidade financeira.
Previdência privada ainda é distante da maioria
A pesquisa também destacou outro ponto: apenas 15% dos brasileiros não aposentados têm previdência privada.
Mesmo entre os aposentados, o número é baixo: 22% contam com previdência complementar.
Isso revela que o planejamento de longo prazo ainda é uma lacuna — a maioria foca no presente, mas ignora o futuro financeiro, o que pode gerar dificuldades na aposentadoria.
O que o Raiz Financeira recomenda
A partir dos dados da pesquisa, fica claro que o primeiro passo é trazer o planejamento para a prática diária.
Não basta saber — é preciso agir com disciplina.
3 atitudes simples para começar agora:
- Anote tudo o que entra e sai — sem exceções. Clareza é poder.
- Defina um teto de gastos fixos e variáveis — e cumpra-o com rigor.
- Construa uma reserva de emergência — mesmo que pequena, ela é a base da tranquilidade financeira.
A mudança acontece no detalhe, não no discurso.
E o verdadeiro controle financeiro começa quando o dinheiro deixa de ser um problema e passa a ser uma ferramenta de liberdade.
Conclusão
A pesquisa da Planejar com o Datafolha mostra o que já se percebe nas ruas e nas contas bancárias: o brasileiro quer se organizar, mas ainda tropeça na execução.
Falta menos conhecimento e mais consistência — menos intenção e mais ação.
Porque no fim, planejar é fácil. Difícil mesmo é seguir o plano.
Mas quem consegue, colhe o melhor resultado possível: tranquilidade financeira e autonomia real sobre o próprio dinheiro.

