
Um levantamento recente do Datafolha, divulgado nesta terça-feira (4), mostrou um dado preocupante: 43% dos brasileiros não possuem nenhuma reserva financeira.
Ou seja, quase metade da população vive no limite, sem uma margem de segurança para lidar com imprevistos — e, convenhamos, eles sempre acontecem.
A pesquisa, encomendada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), ouviu 2.000 pessoas das classes A, B e C entre 16 e 29 de julho de 2025.
Os números revelam que, embora 59% afirmem ser planejados, muitos ainda não colocam o planejamento em prática.
Emergências financeiras: o reflexo da falta de reserva
De acordo com o Datafolha, 84% dos entrevistados enfrentaram emergências financeiras nos últimos 12 meses — seja atraso em contas, empréstimos, uso de crédito ou até negativação do nome.
Sem reserva, cada imprevisto vira uma corrida contra o tempo (e contra os juros).
A consequência é o efeito bola de neve: a pessoa recorre ao cartão, ao cheque especial ou a empréstimos, o que só agrava a instabilidade.
Classe C é a mais vulnerável
O levantamento mostra que a classe C concentra 78% das pessoas sem dinheiro guardado.
Essa faixa da população é a que mais sente o peso do aumento de custos — alimentação, transporte, energia — e acaba sem margem para poupar.
Mas o problema vai além da renda: é também uma questão de hábito e educação financeira.
Metade dos entrevistados não sabe exatamente quanto gasta por mês, e só 52% têm boa noção das despesas.
Planejamento financeiro ainda é tabu
Outro dado chama atenção: apenas 7% dos brasileiros têm testamento ou plano patrimonial, mesmo com 56% afirmando já ter pensado sobre o tema.
E quando o assunto é pedir ajuda, a resistência é grande — só 2% já contrataram um planejador financeiro, apesar de 49% dizerem que consideram essa opção no futuro.
Isso mostra que, embora exista consciência sobre a importância de planejar, a ação prática ainda é mínima.
Planejar o futuro financeiro ainda parece algo distante, quando, na verdade, deveria ser parte do dia a dia de qualquer família.
O retrato do estresse financeiro
A pesquisa também mostra o peso emocional dessa realidade:
- 46% estão insatisfeitos com sua situação financeira;
- 38% se dizem neutros;
- apenas 16% se declaram satisfeitos.
O contraste é claro: entre os satisfeitos, 82% acompanham seus gastos regularmente.
Já entre os insatisfeitos, esse número cai para 55%.
Ou seja: quem controla o dinheiro, controla a ansiedade.
Saber para onde vai cada real é o primeiro passo para transformar a relação com as finanças.
Como virar esse jogo?
O primeiro passo é criar uma reserva de emergência, mesmo que pequena.
Comece com o que for possível — R$ 20, R$ 50, R$ 100 por mês.
O importante é criar o hábito, porque a consistência vence o valor.
Dicas rápidas do Raiz Financeira:
- Tenha clareza sobre quanto entra e quanto sai todo mês.
- Use aplicativos ou planilhas para acompanhar gastos.
- Mantenha o foco: a reserva é sua rede de segurança, não um dinheiro “sobrando”.
- Evite usar o cartão de crédito para compras do dia a dia.
A reserva não é luxo. É liberdade — para lidar com o inesperado sem perder o sono.
Conclusão
O Brasil ainda tem um longo caminho até consolidar uma cultura de planejamento financeiro.
Mas a boa notícia é que cada pequena mudança individual ajuda a construir uma base mais sólida.
Saber o quanto se gasta, manter uma reserva e acompanhar o próprio dinheiro são atitudes simples, mas transformadoras.
No fim, ter uma reserva não é sobre o quanto se ganha — é sobre o quanto se guarda com propósito.

